Ecclestone: Jordan é alguém em quem eu confiaria tudo o que tenho

Ecclestone: Jordan é alguém em quem eu confiaria tudo o que tenho

O ex-chefão da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, prestou homenagem ao falecido Eddie Jordan, afirmando que ele era uma pessoa honesta e confiável, e o descreveu como um extrovertido.

Conhecido como “Flash” na infância, o irlandês Eddie Jordan trouxe uma explosão de rock ‘n’ roll para a Fórmula 1 nos anos 1990, como dono de uma equipe extravagante que abalou as estruturas do automobilismo tradicional.

O carismático chefe, que faleceu na quinta-feira aos 76 anos vítima de câncer, será para sempre lembrado como o homem cuja pequena e financeiramente limitada equipe deu ao futuro campeão Michael Schumacher sua estreia na F1 em 1991.

Jordan também entrou para a história como o novato em meio ao “Clube das Piranhas” da F1, tendo que assistir de longe enquanto Schumacher era levado para a Benetton, onde venceria dois de seus sete títulos mundiais.

Por trás do negociador falante que usava modelos em eventos para atrair atenção da imprensa, em uma época em que os patrocínios de tabaco pagavam as contas, havia também um homem com ambição séria.

Cético em relação aos bastidores da F1, ele costumava dizer que seus carros eram “outdoors em alta velocidade” para atrair patrocinadores. Ainda assim, sua imagem de “anti-herói carismático” conquistou fãs — mesmo que alguns vissem outro lado.

Jordan poderia usar um relógio falso de grife em uma audiência judicial onde sua integridade estivesse em questão, mas também era um comentarista natural — conhecido por fofocas e informações internas com revelações notáveis.

Ele sabia como fazer barulho, e jornalistas muitas vezes recebiam respostas recheadas de palavrões, no estilo de alguém pronto para uma briga nas ruas de Dublin.

Além disso, Jordan tocava bateria na banda “Eddie and the Robbers”, uma brincadeira sobre seu esforço constante para levantar fundos e patrocínios para manter a equipe funcionando. Ele usava peruca desde jovem, após perder os cabelos na infância.

“Ele era um cara honesto e confiável. Alguém em quem eu confiaria tudo o que tenho,” disse Bernie Ecclestone à Reuters na quinta-feira. “Hoje não há ninguém na Fórmula 1 como o Eddie.

Era um cara que ajudava qualquer um que pudesse ajudar.

Tinha um ótimo senso de humor. Estava sempre pronto para uma brincadeira.”

Ecclestone completou:

“Eu não o chamaria de Flash”, disse o britânico de 94 anos, que já ajudou Jordan financeiramente mais de uma vez.

“Eu diria que ele não tinha limites. Dizia o que queria, fazia o que queria e não se importava muito com o que os outros pensavam. Ele era um extrovertido.”


De vendedor de salmão a chefe de equipe da F1

Jordan dizia que sempre trabalhou com negociações: começou vendendo livros escolares, depois pacotes vencidos de salmão defumado e pedaços de carpete, para financiar seus primeiros passos no automobilismo.

A chegada de Schumacher foi uma oportunidade de negócios. Jordan precisava de um piloto e de dinheiro, depois que o belga Bertrand Gachot foi preso por ter borrifado gás CS em um taxista em Londres.

Schumacher, na época correndo em carros esporte, tinha apoio financeiro da Mercedes e buscava alguém disposto a apostar nele, um quase desconhecido.

Seu desempenho imediato no GP da Bélgica de 1991 o transformou em uma estrela em ascensão, o que levou Ecclestone a agir para levá-lo à Benetton antes que ele assinasse contrato com a equipe Jordan.

“Acho que quando roubei o Schumacher dele para colocá-lo na Benetton… no fundo, ele obviamente não queria perder o Schumacher, porque sabia que ele era bom,” disse Ecclestone.

“Mas ele também já pensava em como conseguir ganhar algum dinheiro com isso.”

Eddie Jordan vendeu sua equipe em 2005, obtendo uma boa quantia depois que a equipe passou por dificuldades. Hoje, a equipe compete sob o nome de Aston Martin.

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